Ah, o ano novo.

Ano passado fiz um exercício muito interessante de escrita livre. 
É assim: você para tudo o que está fazendo, marca 15 minutos no cronômetro e escreve... escreve sem parar, sem pensar muito no que ou no porquê daquilo que está sendo escrito. No fim, é óbvio que vale a pena voltar, ler, reler e refletir sobre. Vale também ver o conjunto dos textos, sempre eles acabam trazendo muito sobre nós mesmos.
Pois bem, 2023 bateu na porta e entrou com alegria, gratidão e sensação de transformação. Uma vontade enorme de ser a minha melhor versão possível paira no ar e já estou em movimento para fazê-la acontecer.
Vamos à primeira escrita livre do ano.

Esse lugar já não me pertence mais como antigamente. Acredito que para além do luto que sentimos quando perdemos alguém, também é possível nos sentirmos de luto quando perdemos lugares e memórias vividas. Quando percebemos que um local que outrora fazia parte da essência de nossas vidas já não faz mais. Já não está da mesma forma. Mudanças acontecem, tanto nas estruturas do local, como nas nossas estruturas internas. Já não percebemos as coisas da mesma maneira. Pessoas importantes que davam vida ao local se vão e pelas voltas que a vida dá também já não nos sentimos tão familiarizados com as que permanecem.

Senti tristeza e fiquei deprimida quando me dei conta, mas a maturidade conquistada nos últimos anos me fez ter mais consciência do que eu desejo para mim. Sinceramente, foi fácil entender que este local já não me pertence mais, ou, no melhor das hipóteses, já não me pertence da mesma maneira de antes.  Pertencer, aqui usado, não é no sentido de posse e sim, no sentido de fazer parte da vida, da construção de aprendizados, da criação de memórias afetivas.

Quando me dei conta desta nova fase e desta nova forma de enxergar o local, tudo ficou mais tranquilo. Não senti mais tristeza, nem pesar. Falamos tanto em aceitação no ano novo, né? Aceitar ajuda tudo a ficar mais leve, assim como a certeza de que as coisas mudam ao nosso redor. Isso não deveria ser um motivo de desconforto ou desesperança, mas sim, de possuir uma nova oportunidade de ver o entorno com outros olhos. Novas oportunidades de conhecer, de usufruir, de viver.


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